NEM TODOS OS EXAMES VISUAIS SÃO IGUAIS

Publicado em 17 de maio de 2024 às 15:15

Muitas pessoas só sentem necessidade de realizar uma consulta visual quando o que vêem está desfocado ou turvo, seja ao longe ou ao perto. Quando a visão fica mais nítida através da compensação óptica (óculos ou lentes de contacto) pensam que têm uma "visão perfeita". Contudo, a maioria das consultas visuais, só avaliam a Acuidade Visual de longe e perto e não analisam a Visão Funcional. Isto pode ignorar mais de metade dos problemas que bloqueiam o bom desempenho das atividades diárias e no casos das crianças e jovens, dificulta a aprendizagem e o correto comportamento.

Ter visão perfeita não significa ótima visão

Então o que deve incluir um correto exame visual?

Além de se analisar a saúde ocular e a acuidade visual é crucial analizar as habilidades visuais que se vão desenvolvendo ao longo do crescimento e que precisam de ser avaliadas e treinadas para poder adquirir uma correta performance visual, fundamental tanto na aprendizagem, como no desporto, trabalho e na perceção do mundo que nos rodeia.

Numa consulta de Optometria Funcional realiza-se a avaliação das seguintes condições:

ACUIDADE VISUAL AO LONGE E PERTO

Este teste visual permite avaliar a presença de miopía, hipermetropía, astigmatismo, presbiopia ou ambliopia.

AVALIAÇÃO DA HABILIDADE OCULO-MOTORA

Aqui avalia-se a habilidade da motricidade ocular, nomeadamente a fixação, os seguimentos e os sacádicos, ou seja, aprofunda a análise da capacidade visual para a leitura e a sua rapidez, a comodidade e a compreensão. Os movimentos oculares estão integrados num processo cognitivo mais alto, incluindo a atenção, memória e a perceção visual.

Quando esta habilidade não está corretamente desenvolvida ou apresenta problemas é comum que as crianças e jovens tenham problemas de atenção, concentração e aprendizagem, muito associada ao TDAH.

Está demonstrado que os problemas oculo-motores nos adultos interferem na aprendizagem, no trabalho e na prática desportiva.

AVALIAÇÃO DA ACOMODAÇÃO

Esta habilidade permite-nos ver focado às diferentes distâncias. Embora lhe pareça que veja corretamente, ou seja que tenha, "100% de visão", pode ter problemas acomodativos que lhe podem gerar diferentes sinais e sintomas como, dor de cabeça, olho vermelho, comichão, ardor, fotofobia, dificuldade em focar na transição da visão longe-perto ou viceversa, sonolência, etc.

As crianças e jovens que apresentam uma "boa visão" ao longe e ao perto podem ter problemas acomodativos. Muitas delas queixam-se dos sintomas, referidos anteriormente, mas como a acomodação não foi bem controlada e analisada, acabam por não ser bem diagnosticados,  arrastando-lhes a sintomatologia e os problemas de aprendizagem e de concentração que estão associados à disfunção acomodativa.

AVALIAÇÃO DO SISTEMA BINOCULAR/VERGÊNCIAS

A correta visão binocular é crucial para a perceção visual e a função cognitiva. A binocularidade é a habilidade que os olhos têm de focar com precisão o que captam. Sem esta capacidade, o cérebro não será capaz unificar a imagem de cada olho para ver uma só. 

A visão binocular é raramente avaliada se não existe uma queixa clara do paciente, como a visão dupla, e é fundamental para o equilíbrio da visão, corpo e  mente.

A visão em profundidade e o cálculo de distâncias é um ponto alto da percepção visual humana que implica ter uma correta e treinada visão binocular. Determinadas condições visuais como o nistagmo, estrabismo, disparidade de fixação, desvíos oculares intermitentes e baixas vergências condicionam o bem-estar visual, fisico e mental.

 

Recomenda-se que os exames visuais completos devem-se realizar aos 6 meses, 3 anos, 5 anos e depois anualmente.